Ha exatamente um ano atras, não existia mais a velha alegria que embalou minha infância na inesquecível casa da minha vó.
As águas do rio que meu avo costumava pescar, invadiram a casa com tamanha forca que foi preciso pedir socorro.
Não existe palavra que defina o mar de sentimentos que vieram a tona.
Cada olhar guardava uma lagrima de forca.
Em meio ao caos vesti botas de plastico,
enfrentei a lama e o mau cheiro,
e pude apenas olhar da janela a confusão escura, morta, e revirada que estava a casa que eu tanto amei
Foi la que dei meus primeiros passos,
la meu falecido avo me levava para ver os pássaros todas as manhas,
la eu assistia e admirava minha vó costurar,
eu apenas colocava a linha na agulha com o maior cuidado e carinho que eu poderia ter ter,
la eu adormecia e acordava com as mãos de benção da vovó na cabeça enquanto ela rezava o terço.
La eu aprendi que na vida a família e a sua forca para continuar vivendo,
la eu me alimentava todos os dias na recuperação do meu coma,
foi la que eu aprendi o mais importante:
A amar.
A imagem ao lado simboliza toda a fé que minha avo me ensinou a ter,
encontrei tudo destruído e essa imagem intacta a me olhar do alto da janela.
Com cuidado minhas mãos a alcançaram na janela.
Levei a santa ao encontro de minha avó, e lhe disse que foi o único objeto que encontrei.
Ela sorriu e chorou e me abracou com tanto amor, que dispensamos palavras.
Deus estava presente e isso bastava.