sábado, 30 de outubro de 2010

quebra cabeça

Os pedaços de uma vida espalhei pelo tapete da sala.
Me veio palavras incompletas e uma certa inquietação.
Minhas costas doem e me cansam toda vez que insisto em alimentar esse meu vício de você.
Talvez fugir e correr até o meio do campo verde, deitar na grama e gritar, sozinha e enlouquecida pudesse me ajudar.
Peça fundamental e colorida da minha existência voltou lapidada e encaixada nos meus momentos mais felizes e encantadores.
Me deixa sorrir, preciso respirar.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Melancolia

Deixa a melancolia abandonada no final daquela música, eu quero ver o teu sorriso brilhante, denovo.
Cada flor no teu caminho é uma prova que não te deixei faltar amor.
Não me abraça agora, o vento da primavera é o suficiente para me aquecer.
Cansei de sentimentalismos inúteis e frágeis, eles me consomem energia demais.
Estou rápida objetiva em minhas pequenas fortes frases.
Os motivos para sorrir são incontáveis.
Não deixa derrubarem o muro, porque o que estava nascendo, cresceu e ainda vive dentro de mim.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Aniversário

Acorda!
O telefone está tocando porque hoje é o seu dia.
A alegria bate e insiste em não te deixar mais dormir.
Ontem eu te vi tão peculiar, curiosa e solitária naquela livraria.
Achei curioso e engraçado ver a chuva te molhar e ainda assim te ver caminhar sem se preocupar com as gotas que insistiam embassar seus óculos, e molhar teus pés cansados.
Hoje eu te vejo carregada de emoção e com o peso de uma nova vida.
Espera que a noite vai chegar sorrindo em forma de amigos que trazem a felicidade, um abraço e uma jovem noite memorável.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sintonize

Liga o som, feche os olhos, apaga as luzes, e liga os sentidos.
Esquece o que foi, agora já não é mais, ficou mais simples assim.
Milimetricamente estou testando minhas palavras e retomando a minha consiência, porque me abandonar em meio aquele caos foi quase o fim.
Voltei a cantar sozinha e descabelada, só meu espelho me assiste curioso e adimirado com tamanha ousadia.
Foi o som da guitarra gritando e aguçando os meus sentidos,
e foi a falta do seu abraço.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Farsa


Me encontro estirada entre as folhas secas que o outono nos deixou.
Passou como um flash, disfarçando bem a verdade que andava por aí escondida em muitos olhares que só eu não enxergava.
O amor surtou, e ainda usou spray de pimenta para me cegar,e me atar mãos e pés,agora inúteis por não poderem mais reagir.
Um abismo se formou com a gentil ajuda do medo.
Entrei em choque, fiquei em pânico, a ponto de não sentir meu corpo inteiro secando devagar a minha boca sedenta de proteção.
Percorri meu passado inteiro em poucos minutos, gritando ao meu consiente a vergonha que eu me tornara hoje, assim, jogada na cama feito criança com medo do escuro.
Eu falhei humanamente estúpida, e ainda fazendo pose de artista, maluca, delirante, sufocante, e assustadora.
Não esqueçe de me lembrar quem eu sou, porque ontem eu me perdi de mim mesma, e gritei bem alto, mas ninguém me ouviu.
Decidi dormir e esquecer apagar da memória e lutar contra meus fantasmas que inútilmente ainda me assustam.
Ainda não acabou.

sábado, 16 de outubro de 2010

Motivo.

É porque acordei impulsiva,
porque o primo disse que sentiria saudades,
e o menino disse que seu coração batia fazendo "tum-tum"
porque esses versos estão inquietos na minha cabeça confusa.
Porque a irmã não empresta o video game,
porque a grama era muito verde, e as crianças corriam em vão.
È que o trânsito estava infernal!
E me diz porque voltou a cantar nossos versos perdidos?
Porque o novo amor agora me completa.
Porque eu cheguei no meu quarto e havia uma flor rosa me sorrindo por estar de volta.
Porque eu pintei meu mundo cor de rosa e meu cabelo de vermelho,
E tem dias que o rosa escurce e vira preto, azul e triste.
Mas outro dia me acorda,
e volta a ilusão do meu céu estar cor de rosa,
pra lá de melancólico e apaixonado.

1987

Em 1987 cazuza fazia um de seus inesquecíveis shows de uma vida intensa e rápida. Nesse mesmo ano eu resolvi nascer.
Drummond desencarnou, e me deixou sua poesia e sabedoria, e ensinamentos que prefiro citar:

"Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira."

Acordei nesse mundo pesado, no meu corpo físico dependente do leite materno, carente demais de amor, em forma de bêbê, com penugens loiras, a pele e os olhos claros,exatamente como minha mãe.
Já meus olhos inquietos em busca de descobertas, herdei do meu pai, assim como a música e meu jeito rock´n roll de ser, porque não teria o mínimo sentido minhas roupas estranhas, e as críticas da minha irmã sem o apoio dele.
Nasci assim, calma, ciente de minha missão, e aos poucos fui crescendo, me descobrindo e me assustando com a tamanha reponsabilidade que é viver de mim mesma.
Cada poesia que inunda minha vida como inundou a de Drummond, chega sem avisar e vive e morre como as folhas no outono, de uma maneira bonita seca e morta.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Avesso

Olhei para eu mesma no passado e encontrei uma menina dona da alegria e da insegurança.
Ah, se eu pudesse viver sorrindo o tempo todo.
Como deletar essa tristeza apenas com o toque moderno de uma tecla? Deletar!
Seria rápido e indolor, seria plenitude e abandono.
È que até a tal da tristeza sente saudade, e de vez em quando aparece sem avisar dizendo: 'eu ainda estou aqui para quando precisar'
Espera o verão chegar, as cores estamparem as calçadas das ruas e os corpos ensolarados repousarem nas areias das praias.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Espiritual

Me despi do corpo pesado que encarnei, e te despi no mesmo momento que me emprestou o seu mundo azul portátil.
É que ler você é como me ler do avesso, ou nas entrelinhas, escondida nas tuas palavras para me achar, assim, de surpresa, quando fechar a página, e olhar para o lado.

domingo, 3 de outubro de 2010

Jazz


Notas suaves aos meus ouvidos, porque ontem mesmo aquele garotinho dos olhos cor de mel pescou no chafariz um tubarão em formato de galho, e foi tão real que a alegria que ele trasmitiu me atacou feito tiro de metralhadora.
Minha irmã me deu a mão e falou de coisas banais, que pouco importava naquele exato momento, porque as palavras nunca traduziriam o sonho que um dia foi ameaçado.
Foi tão real, ou foi um pesadelo, ou foi imaginação de fatos, ou foi o coma vencido e as lágrimas derramadas de dor e angústia, que me tocaram a alma e me salvaram da única certeza que nos foi sentenciada.
Fui interrompida por antigas fotos amareladas de antepassados que deixaram traços, sangue e destino a famíla.
Continuo entre as flores.

sábado, 2 de outubro de 2010

Amores

Acordei com o corpo cansado de tanto dormir e com o coração feliz da vida, a preguiça trouxe meu pc para cama comigo, é que eu precisava compartilhar meus pensamentos que as vezes falam muito alto e eu sou humana demais para manter todos guardados em segredo. Nem eu nem o mais evoluido dos poetas consegue definir o amor, é que ele é complexo demais, está sempre em mutação, e ainda consegue ser uma constante. Um dos meus vícios é observar as formas que o amor toma. That´s true. Hoje mesmo dois desconhecidos sorriram na minha direção, e de uma maneira serena e sincera, retribui os dois sorrisos com mais amor do que me foi disponível.
Existem amores que mesmo na distância podemos sentir, mas é que na minha forma física atual eu preciso de abraços e presença, sou doída (ou doida mesmo) de tão apegada aos meus amores que me levam a felicidade. Escolher ser feliz é mesmo uma missão difícil aqui por esse mundo, mas é que eu me entristeço quando vejo algumas pessoas se acomodarem na infelicidade que criaram para fechar os olhos da verdadeira beleza que é viver.