sábado, 16 de outubro de 2010

1987

Em 1987 cazuza fazia um de seus inesquecíveis shows de uma vida intensa e rápida. Nesse mesmo ano eu resolvi nascer.
Drummond desencarnou, e me deixou sua poesia e sabedoria, e ensinamentos que prefiro citar:

"Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira."

Acordei nesse mundo pesado, no meu corpo físico dependente do leite materno, carente demais de amor, em forma de bêbê, com penugens loiras, a pele e os olhos claros,exatamente como minha mãe.
Já meus olhos inquietos em busca de descobertas, herdei do meu pai, assim como a música e meu jeito rock´n roll de ser, porque não teria o mínimo sentido minhas roupas estranhas, e as críticas da minha irmã sem o apoio dele.
Nasci assim, calma, ciente de minha missão, e aos poucos fui crescendo, me descobrindo e me assustando com a tamanha reponsabilidade que é viver de mim mesma.
Cada poesia que inunda minha vida como inundou a de Drummond, chega sem avisar e vive e morre como as folhas no outono, de uma maneira bonita seca e morta.

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